Quando estamos vulneráveis, nossa capacidade de analisar tecnicamente qualquer cenário fica comprometida pois as emoções trazem sentimentos como medo e angústia e portanto nos apoiamos na confiança em profissionais especializados para não sucumbirmos aos sentimentos que a vulnerabilidade aflora. Como então avaliar prestadores de serviços de saúde que nos atendem invariavelmente em momentos em estamos mais vulneráveis?
Essa reflexão não é nova, mas convido você leitor a refletir nesse tema de forma ampla. Já há uma extensa discussão sobre a quem cabe a tarefa de avaliar a performnce dos profissionais médicos que nos atendem com a liberdade dada a eles pela confiança que depositamos em sua expertise e experiência para nos prescrever o correto tratamento que nos trará a recuperação.
Mas a quem cabe a tarefa de avaliar a qualidade dos demais profissionais de saúde que igualmente entram em nossas vidas nos momentos de vulnerabilidade? A quem caberá a responsabilidade de avaliar a qualidade dos serviços prestados quando toda a gama de recursos tecnológicos passarem a exercer um papel mais revelante que apenas o de ferramentas de suporte à decisão médica?
Creio que já nos cabe a tarefa de expandir a definição de profissionais da saúde que conhecemos até então, a fim de incluir todos os profissionais que direta ou indiretamente interagem no sistema de saúde, não somente os médicos, enfermeiras ou demais profissionais que interagem diretamente com a nossa dor.
Muitos profissionais envolvidos com o desenvolvimento de soluções tecnológicas de saúde são co-responsáveis pelos resultados analisados por profissionais médicos em todo o mundo então me pergunto se não deveríamos ter padrões e critérios alinhados para avaliar toda a cadeia de prestação de serviços em saúde sob um mesmo prisma.
O mercado de saúde tem sido impactado pelas novas tecnologias disruptivas como outros setores da sociedade e a cada dia vemos dispositivos que controlam funções vitais, movimentos, alimentação e hoje já é possível acessar em telefones celulares um enorme volume de dados sobre a saúde e a falta dela.
Mediante algumas iniciativas, ações regulatórias se interpõem com a melhor intenção de garantir um padrão de qualidade aceitável para a oferta de novos serviços de saúde.
Entretanto, quais são os critérios vão nortear a avaliação de qualidade dos serviços de saúde que utilizamos nos momentos de nossa maior fragilidade em que nossa tábua de segurança é mesmo a confiança que depositamos nos profissionais que nos servem?
Uma vez que os conceitos relacionados ao universo saúde passam por uma profunda redefinição com o advento das novas tecnologias disruptivas é tempo de discutirmos como sociedade em que bases vamos avaliar nossos prestadores uma vez que está em jogo nosso mais caro bem, nós mesmos, nossas famílias e por assim dizer o futuro da humanidade.
Creio que estamos diante de uma janela de oportunidade de enormes ganhos no sistema de saúde global com o advento das novas tecnologias disruptivas. É inegável a dificuldade atual de equalização da qualidade de prestação de serviços em esfera global quando os profissionais detém diferentes níveis de acesso educacional bem como recursos de trabalho, portanto o advento da telemedicina nos permite imaginar um cenário de recursos técnicos amplamente disponíveis em todos os níveis da cadeia desde o diagnóstico ao tratamento. Só nos resta descobrir quais serão os desafios a enfrentar para que de fato as novas tecnologias cheguem a todos os pacientes do globo.