As mudanças tecnológicas já provaram sua capacidade de transformar nossas rotinas pessoais e até mesmo nossa maneira de nos relacionar. Seguindo nessa linha de pensamento, é inegável o enorme potencial das novas tecnologias como vetores de melhoria do setor de saúde, desde que sejam bem implementadas e com comprovados benefícios aos pacientes.

É fato também, que o sucesso de implementação de novas tecnologias em saúde depende em grande medida do papel de facilitadores, os gestores de processos, que são responsáveis pela introdução de inovação nos processos tradicionais de atendimento aos pacientes.

Numa busca breve na web é possível encontrar milhares de artigos detalhando novas aplicações tecnológicas em muitos setores da sociedade e inclusive no setor de saúde.

Observando o setor de saúde como um todo, em áreas como o Diagnóstico de imagem, por exemplo, já é possível visualizar a completa incorporação de novas tecnologias enquanto que em algumas áreas da Clínica tais tecnologias ainda não são tão visíveis.

Fato é que as novas tecnologias vêm se incorporando às rotinas do setor de saúde e nesse post gostaria de convidá-lo a refletir não especificamente nas tecnologias e suas aplicações, mas sugerir alguns critérios de implementação que a meu ver devem nortear o processo de  incorporação de inovação no setor de saúde.

O foco nesse post é exatamente no desafio de implementação que fica a cargo dos gerentes de processos, em sua maioria profissionais de saúde, que precisam manter em perspectiva tanto os benefícios que as inovações tecnológicas podem trazer ao serviço como também a preservação e melhoria do cuidado ao paciente.

“A tecnologia de contenção de custos confronta a cultura profissional do cuidado ao paciente. Bons gerentes equilibram ambas as perspectivas de tal forma que administram propósitos conflitantes, desejos concorrentes, às vezes inconsistentes.” Theodore Marmor

Como mencionado pelo professor Theodore Marmor, bons gestores conseguem visualizar um ponto de equilíbrio entre perspectivas conflitantes e para a reflexão desse post proponho dois critérios como suporte aos gestores de processos na busca desse equilíbrio:

  • O paciente deve estar sempre no centro em casos de introdução de inovação

Há inúmeras atividades do setor de saúde que foram positivamente impactadas pela inovação tecnológica. Em Diagnóstico laboratorial existem exemplos de aplicações de inteligência artificial que possibilitaram a liberação de resultados em menos tempo com maior precisão e menor probabilidade de erros oferecendo enorme ganho em benefício ao paciente.

É fato também que há processos no setor de saúde onde a implementação de novas tecnologias apesar de diminuir custos pode resultar em prejuízo no cuidado ao paciente.

Em situações onde o cuidado ao paciente está em risco de perda de qualidade, cabe aos gestores de processo a coragem de advogar em favor do paciente, afinal, a razão de toda e qualquer atividade realizada no setor de saúde é em última análise o cuidado ao paciente.

A pressão por inovação e eficiência de processos em saúde pode eventualmente tirar o paciente do centro das negociações, mas é importante trazê-lo de volta sempre.

  • Pessoas diferentes requerem ferramentas educacionais diferentes

O grande desafio de implementação de novas tecnologias é na verdade um desafio educacional, porque o sucesso de implementação de inovações em saúde é dependente da boa execução dos novos processos que resulta de um esforço de aprendizagem.

Novamente o gestor de processos é o elemento chave para uma experiência bem sucedida, pois é ele quem conhece seus colaboradores e pode identificar as necessidades individuais de treinamento de cada um.

No setor de saúde há um enorme encontro de gerações e experiências, portanto as ferramentas educacionais efetivas para alguns colaboradores não necessariamente se aplicam a outros.

Bom gestores são os que buscam e provêm as ferramentas educacionais adequadas a cada membro da equipe, eles gerenciam os diferentes medos de mudança e cultivam uma cultura de engajamento focada na troca de informação e educação continuada.

Uma cultura de engajamento abre espaço para colaboração e resoa com o conceito de Communityship. Quando pacientes ou colaboradores são empoderados com iniciativas educacionais que multiplicam o conhecimento, há um imediato ganho de autonomia por parte de pacientes e colaboradores. Autonomia e conhecimento têm uma moeda de troca que é o compartilhamento de responsabilidade pelo sucesso coletivo da operação.

Somos todos integrantes do setor de saúde, mesmo prestadores de saúde em alguns momentos são também pacientes do sistema.

Caro leitor, que outros critérios, em sua opinião, deveriam nortear a introdução de inovação em saúde? Compartilhe seus pensamentos.

Crédito – Foto da Ilustração- Digitalnative on VisualHunt.com