É inquietante perceber que aprendemos e desenvolvemos a maioria de nossos comportamentos sociais interagindo em ambientes competitivos.

Muitas pessoas começam a lidar com a competitividade desde os primeiros anos de vida  buscando amor e atenção no ambiente familiar. Em outras situações, a experiência escolar estimula os comportamentos competitivos porque as crianças aprendem rápido o que significa ser aceito no grupo dos vencedores ou fazer parte dos perdedores.

Na vida adulta certamente experimentamos muitos ambientes competitivos, como por exemplo o ambiente de trabalho. Não importa a Indústria ou o Setor em que se trabalha, as organizações são construídas em ambientes competitivos onde os indivíduos são avaliados ​​por objetivos pessoais que geralmente ganham  prioridade sobre os objetivos coletivos.

Por outro lado, os desafios que encontramos em nossos ambientes de trabalho estão cada vez mais complexos. Eles exigem uma melhor comunicação coletiva, capacidade de aprendizado contínuo e adaptação sem sobressaltos às rápidas mudanças que acontecem ao nosso redor.

Se analisarmos cuidadosamente os desafios propostos, chegamos à conclusão de que um ambiente colaborativo nos permitiria enfrentar esses novos desafios com maior chance de sucesso. 

A questão é: como podemos mudar nossos comportamentos competitivos nutridos ao longo de toda a nossa vida e substituí-los por comportamentos colaborativos para desenvolver relacionamentos no trabalho com base na confiança?

Esta não é uma questão trivial, e o assunto merece muita reflexão. Neste post, convido-o a pensar sobre o engajamento, um elemento essencial para construir e sustentar ambientes colaborativos.

O engajamento é tridimensional e composto pelas dimensões física, emocional e comportamental (Wildermuth et al, 2013). Nesta reflexão, vou me concentrar no aspecto emocional do engajamento.

O engajamento emocional é crucial em ambientes colaborativos. Quando nos sentimos emocionalmente engajados com uma equipe ou trabalho, agimos com empatia em relação ao outro. Ao nos colocarmos no lugar do outro, entendemos os desafios com uma perspectiva mais ampla e inclusiva.

Pensando nos muitos aspectos que interferem nos níveis de engajamento emocional, 1já se sabe que traços de personalidade, condições psicológicas e adequação ao trabalho podem influenciar no nível de engajamento emocional. Então vamos nos concentrar em 3 pontos focais que são essenciais para o engajamento emocional, independentemente das diferenças individuais.

Sensação de Propósito

Quando percebemos que nossas contribuições são realmente valiosas, nos sentimos conectados ao grupo ao qual nos associamos. Nossas contribuições parecem ser únicas e relevantes para a conquista dos objetivos coletivos do grupo. É uma experiência gratificante que libera nosso melhor desempenho e criatividade.

Infelizmente, essa sensação de propósito não é experimentada com tanta frequência em ambientes competitivos onde o reconhecimento é oferecido a poucos e normalmente não perdura por muito tempo.

Em ambientes colaborativos, cada membro é valioso porque enfrentamos os desafios como equipe, seremos todos vencedores ou todos perdedores. Corremos riscos juntos e juntos enfrentamos as consequências de nossas decisões coletivas. 

Estresse

Para a maioria de nós é fácil lembrar de casos em que esgotamento professional afetou um amigo ou parente, alguém de nosso círculo íntimo.

 2“Os custos da saúde mental são a maior fonte isolada de ônus econômico global relacionado à saúde, excedendo os respectivos ônus de câncer, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas e diabetes”. (Bloom et al., 2011).

Abraçando as ideias relacionadas ao conceito de Mindfulness, podemos administrar melhor o nível de estresse nos ambientes em que vivemos e trabalhamos. Se  nos concentrarmos em manter os elementos estressores em níveis saudáveis, certamente aumentaremos nosso envolvimento emocional e nossa qualidade de vida.

Desenvolvimento de habilidades naturais 

 É curioso que gastamos tanta energia tentando ser medianos.

Geralmente não investimos tempo e energia para elevar nossos talentos naturais porque colocamos muito foco em eliminar ou melhorar gaps. Com isso, perdemos inúmeras oportunidades de alcançar a excelência nos aprimorando em atividades que parecem ter sido criadas para nós.

Investindo em nossos pontos fortes, elevamos nosso envolvimento emocional e ao mesmo tempo, desenvolvemos expertise em nossas habilidades naturais, melhorando assim a contribuição para nossas equipes e comunidades.

É importante refletirmos sobre as múltiplas maneiras de desenvolver nossos comportamentos colaborativos. Eles são a chave para o crescimento pessoal e profissional em um momento em que a criatividade e a capacidade de criar vínculos com outras pessoas são cruciais para que possamos contribuir a contento com nossos times e nossa comunidade.

1. Cristina de Mello e Souza Wildermuth, EdD, Amy Grace Vaughan, PhD, and Elizabeth Anne Christo-Baker, EdD; A Path to Passion Connecting Personality, Psychological Conditions, and Emotional Engagement; Journal of Psychological Issues in Organizational Culture, Volume 3, Number 4, 2013 © 2013 Bridgepoint Education, Inc. and Wiley Periodicals, Inc. Published online in Wiley Online Library (wileyonlinelibrary.com) • DOI: 10.1002/jpoc.21082

2. David D. Luxton; Artificial Intelligence in BEHAVIORAL AND MENTAL HEALTH CARE; 2016 Published by Elsevier Inc.; ISBN: 978-0-12-420248-1; Chapter 1, pg. 17

Crédito Foto de Ilustração do Post – Str@vinsky on Visualhunt / CC BY-NC