EDIÇÃO ESPECIAL: Este artigo foi escrito em parceria com a co-autora Gillian Dyck. Você pode conferir a Biografia da co-autora na página dos Colaboradores.
Na área da saúde, como também em outros setores, a natureza das relações profissionais e nossa capacidade de promovê-las, podem afetar significativamente a eficácia dos indivíduos e as equipes que trabalham com eles.
Os exercícios de autorreflexão ajudam e aprimoram a capacidade de um profissional de se compreender e, portanto, entender melhor a natureza de suas conexões com os outros.
Uma interessante ferramenta reflexiva – A Janela de Johari – explica de uma maneira muito elegante, as diferentes camadas do eu. Aquilo que mostramos aos outros, aquilo que só nós conhecemos, aquilo que apenas os outros conhecem de nós e que não temos consciência e, finalmente, aquilo que ninguém – nem nós mesmos, conhecemos do nosso eu. Essas quatro dimensões são organizadas em uma matriz de dois por dois, como mostrado abaixo.
Imagine que as dimensões são quatro salas iguais em uma casa. Cada sala tem uma janela. Você fica em um dos quatro lados. Aqueles ao seu redor – outros – estão na janela ao lado, perpendicular a você.
De seus dois pontos de vista, você e os outros, são capazes de ver, ambos, uma das quatro salas – esta é a parte de seu eu que você conhece e mostra aos outros. Cada um de vocês tem a capacidade de ver um outro cômodo, você vê uma sala que representa aquilo que sabe de si mesmo, mas não compartilha ou mostra aos outros. A outra pessoa também vê em uma sala que você não pode ver – ela representa aquilo que os outros observam ou conhecem a seu respeito, mas que você é incapaz de ver ou perceber.
Finalmente, há uma sala que nenhum de vocês é capaz de ver – ela representa aquilo que ninguém sabe sobre você – nem mesmo você.
Há uma extensa literatura sobre o tema, portanto, para os fins deste post, vamos nos concentrar numa específica configuração do diagrama, para melhorar a compreensão da ferramenta e, por sua vez, encorajar você, leitor, a aprimorar sua reflexão.
Se desenharmos os quadrantes da janela de Johari de nossas relações com os grupos com os quais trabalhamos mais produtivamente, temos o que é chamado de configuração ideal. Imagine que a “sala” em que tanto nós quanto os outros podemos ver é muito maior que as demais. Isso demonstra honestidade, transparência, abertura, sinceridade nos relacionamentos. Além disso, na configuração ideal, nosso ponto cego é pequeno, demonstrando que a comunicação ocorre em ambas as direções e ativamente pedimos feedback.
O desafio é que estamos sempre muito ocupados no dia a dia e muitas vezes mantemos essas janelas dimensionadas de outras maneiras e não permitimos que nossos colegas nos conheçam melhor e não nos esforçamos para conhecer suas percepções sobre nós. Muitas vezes, não temos consciência do que mostramos ou não mostramos aos outros – sem reflexão ou discussão com eles é fácil errar ou até ignorá-los.
O conhecimento é libertador. À medida que abrimos nossas janelas de Johari por meio de reflexão e discussão, somos capazes de construir relacionamentos positivos, melhorar o funcionamento de nossas equipes e interagir de forma mais produtiva em nossas comunidades.
Caro leitor, você consegue identificar como suas janelas de Johari estão dimensionadas nos seus relacionamentos e o conteúdo de cada quadrante na sua perspectiva e dos seus amigos e colegas?